“O momento é de união do movimento sindical”, conclama presidente da CNTA
“O momento é de união do movimento sindical”, conclama presidente da CNTA
Arrocho fiscal e avanços sobre direitos trabalhistas são temas do 1º dia do Seminário Regional da Alimentação no Centro-Oeste, realizado em Cuiabá-MT
Temas como ataques aos direitos dos trabalhadores e às entidades sindicais; precarização dos órgãos de controle e fiscalização foram alguns dos temas tratados no primeiro dia do evento. O alto índice de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; terceirização das áreas-fim; propostas legislativas que avançam sobre os direitos sociais e a preponderância do negociado sobre o legislado também preocupam dirigentes de sindicatos e federações que representam 200 mil trabalhadores na região Centro-Oeste.
Na opinião do presidente da CNTA, Artur Bueno, o momento pelo qual passa o país é de extrema preocupação para o movimento sindical. “Esse seminário tem como principal objetivo nos organizar para resistir a esses ataques do poder econômico que quer colocar a razão da crise nas costas dos trabalhadores”, explicou. Bueno anunciou, ainda, que ao longo do seminário será criado um comitê de resistência no Centro-Oeste para fazer frente aos ataques dos poderes executivo e legislativo.
A concentração do segmento nas mãos de grandes grupos econômicos afetou o município de Barra do Garças, localizado na região do Araguaia, distante 500 quilômetros da capital, Cuiabá. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos de Barra do Garças, Elton Marques, três frigoríficos da região encerraram suas atividades, gerando o desemprego de três mil trabalhadores. “As empresas alegam falta de matéria-prima. Mas é uma incoerência, pois o estado é o maior produtor do país”.
No entendimento de vários dirigentes sindicais, o momento também é de autocrítica. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentos de Jaboticabal e região, no interior de São Paulo, Silvano Pedro, as entidades afastaram-se dos trabalhadores ao longo dos anos, o que contribuiu para o enfraquecimento da classe perante as entidades patronais. “É momento de dar um puxão de orelha nos dirigentes sindicais, porque o momento em que vivemos é crítico. Sem organização, nós seremos atropelados”, enfatizou.
Pesquisa
O Seminário Regional será palco, também, do lançamento da pesquisa inédita do DIEESE “O Raio X da Alimentação no Centro-Oeste”, que traça um panorama do desenvolvimento do setor entre 2011 e 2015, com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho. O estudo traça o perfil dos trabalhadores (escolaridade, gênero, outros), com análise da evolução da geração de vagas e remuneração média por setor de atividade: pesca e aquicultura, fabricação de produtos alimentícios, bebidas e fumo.
Em 2015, houve redução do número de trabalhadores nas indústrias da Alimentação na região Centro-Oeste: eram 194.490 empregados em 31 de dezembro de 2015, contra 198.221 no mesmo período do ano anterior. Foram fechados, portanto, 3.661 postos de trabalho (-1,8%). Tal queda, contudo, não foi uniforme. Enquanto no DF (851) e MS (436) registrou-se expansão do emprego no período, em GO (-1472) e MT (-3476) houve recuo. Do mesmo modo, se por um lado Fabricação de Produtos do Fumo (24) e Pesca e Aquicultura (104) registraram altas, por outro, Fabricação de Produtos Alimentícios (-2937) e Fabricação de Bebidas (-852) caíram. Ainda segundo a pesquisa, a remuneração média destes trabalhadores, no mês de dezembro de 2015, era de R$ 1.844,20.
Perfil
Homens, jovens, com nível médio de escolaridade predominam o trabalho nas indústrias alimentícias do Centro-Oeste, segundo a pesquisa. Em 2015, homens e mulheres representavam, respectivamente, 68,1% e 31,9% da mão de obra do setor, concentrando, em sua maioria, trabalhadores de 18 a 29 anos: 41,5% do total.
O nível de escolaridade chama a atenção, já que 49% dos trabalhadores têm pelo menos o ensino médio completo, sendo que 10% deste total possui ensino superior. De acordo com a análise da rotatividade de trabalho, o estudo aponta que 31,7% dos trabalhadores estão a menos de um ano em seu posto de trabalho. Já quanto à remuneração, a pesquisa constatou que em média, a mulher ganha 32% a menos que os homens, sendo a variação de R$ 1.391,15 contra R$ 2.056,22.
Programação:
23 de novembro
Das 8h às 12h – debates para cumprimento das cláusulas da resolução, com definição das prioridades para região;
Das 13h às 18h – forma de atuação conjunta dos sindicatos, federações e confederação, além dos representantes do comitê eleito no Congresso, dos Estados da região centro-oeste, para fortalecimento das entidades sindicais, objetivando resistir aos ataques dos poderes econômico, Executivo, Legislativo e cumprimento das cláusulas e prazos aprovados.
Assessoria de imprensa LOCAL:
(65) 9969-1303 Bruno Pini
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