O curso começou em outubro do ano passado e ensinou todo o beabá da profissão de eletricista de rede de distribuição. Entre aulas técnicas e práticas, as mulheres foram preparadas para ocupar funções na própria distribuidora de energia e em outras empresas do mercado.
“Não foi fácil, tivemos aulas no meio da chuva e do sol escaldante. Estou muito emocionada e, principalmente, feliz em ver onde chegamos. Somos 20 mulheres cheias de garra e determinação”, celebra Marina, que, antes do curso, estava desempregada e, com o certificado em mãos, pretende traçar uma nova carreira profissional.
Para Elieide Santos, o curso foi uma virada de chave. “Estava apertada financeiramente, sem esperanças, até porque o mercado de trabalho não costuma abraçar mulheres de 40 anos”, revela. “Hoje, tenho 41, sou eletricista e, diferentemente de um ano atrás, tenho projetos para o meu futuro”.
Elieide acrescenta que, apesar da insegurança em aprender uma nova profissão, se manteve firme nos estudos, incentivada pelas colegas de classe, além da família e dos amigos. “É muito gratificante começar e terminar o curso com as mesmas mulheres. Uma dava força para a outra e vamos entrar, juntas, em uma área que antes era impossível para nós”, completa.
Durante a formatura, o diretor-presidente da Neoenergia Brasília, Frederico Candian, revelou que, desde que a distribuidora se firmou no DF, em março de 2021, foram formados 250 profissionais, dos quais 120 são mulheres. Destas, 74 já foram contratadas para trabalhar na Neoenergia Brasília.
“Estas mulheres são preparadas para ingressarem no quadro da companhia, em uma das empresas parceiras e, ainda, para atuar no mercado de trabalho, porque lugar de mulher é onde ela quiser”, enfatizou Candian. “Quando chegamos ao Distrito Federal, não tínhamos nenhuma mulher como eletricista de rede e, hoje, elas compõem quase 25% do quadro de eletricistas da empresa”.
Presente na solenidade, a secretária da Mulher, Giselle Ferreira, salientou a importância da oferta de formação profissional às mulheres para a redução de casos de violência de gênero. “Capacitação e autonomia econômica são a chave para mudar as coisas. Devemos oferecer cursos com base no que o mercado de trabalho precisa, para que a mulher possa ter um emprego no final da jornada”, frisou.
Todo o ensino da Escola de Eletricistas da Neoenergia é promovido em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “A igualdade de gênero só será possível quando tivermos igualdade econômica, de oportunidades. Nós, do Senai, ficamos felizes em contribuir com a iniciativa”, pontua o diretor regional do Senai, Marco Secco.
Já o secretário de Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Thales Mendes, citou o RenovaDF como exemplo de que não existem mais profissões exclusivas para o gênero masculino. “O programa traz qualificação na área de construção civil e, hoje, mais de 60% dos participantes são mulheres. Isso mostra que, de fato, a mulher pode estar onde quiser, inclusive em segmentos que, antes, eram dominados por homens”, afirma.