Entre o passado e o presente, um legado de amor e solidariedade

Hospital de Base celebra 65 anos de história marcada por gerações e pela dedicação de voluntários
Por Laezia Bezerra
Mais do que números e estatísticas, os 65 anos do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) são marcados por histórias de vida, reencontros e superações. Nessa trajetória o trabalho de milhares de pessoas faz da unidade um lugar de esperança e laços que se renovam todos os dias.
Prédio de internação do Hospital de Base | Foto: Alberto Ruy
“O maior patrimônio do Hospital de Base sempre foram as pessoas, profissionais e voluntários que dedicaram décadas ao cuidado, ao acolhimento e à preservação da saúde pública na capital. Por trás de cada pessoa atendida, há histórias de superação acompanhadas por quem ofereceu amor e solidariedade”, destaca Cleber Monteiro, presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF), que carrega parte dessa história em sua trajetória de vida.
Na década de 1980, enquanto agente da Polícia Civil, Cleber Monteiro trabalhou no posto policial que ficava nas dependências do Hospital de Base. “Foi uma época boa, fiz muitas amizades. Os prédios do HBDF me trazem grandes recordações”, lembra.
Outra parte do legado do Hospital de Base está relacionada com a ortopedia, uma das áreas referência da unidade. Entre os anos 1980 e 1990, o médico ortopedista Sydney Haje desenvolveu um método pioneiro para deformidades torácicas sem cirurgia, por meio de órteses e exercícios. A abordagem, reconhecida mundialmente, continua viva no trabalho do filho, Davi Haje, especialista em pés tortos e traumatologia.
“Aprimorei e mantive o tratamento criado pelo meu pai para cuidar de deformidades torácicas sem cirurgias. Hoje, aplico também a técnica desenvolvida por ele no tratamento do pé torto, uma herança reconhecida internacionalmente”, destaca Davi.
Já a gerente geral de Assistência do HBDF, Fernanda Hak, carrega uma ligação familiar com o hospital. Desde a infância, ela acompanhava o pai, o ginecologista Jadir Alves, chefe do pronto-socorro por muitos anos. “Os corredores sempre me foram familiares. Vi de perto a complexidade da condição humana. Hoje, tenho orgulho de contribuir para que essa estrutura permaneça firme, oferecendo o melhor cuidado”, afirma.
Voluntariado que transforma
A trajetória do HBDF também se fortaleceu com o trabalho das equipes de voluntários que funcionam dentro da unidade. A professora Vera Lúcia Bezerra da Silva, a Verinha, dedicou quase três décadas à Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, levando acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Após seu falecimento, em 2023, sua filha Larissa Bezerra assumiu a coordenação da Rede. “Desde criança acompanhei minha mãe. No começo foi difícil assumir esse desafio, mas hoje encontro forças no propósito dela: ajudar o próximo”, diz Larissa.
Outro marco no voluntariado é a Associação Amigos do Hospital de Base, criada em 1998 por ex-servidores e membros da sociedade civil. À frente da organização está Maria Oneide da Silva, que trabalhou por 40 anos como servidora dentro do hospital. “É uma honra fazer parte dessa caminhada. Acompanhei a evolução do HBDF e hoje sigo contribuindo para um atendimento mais humano e acolhedor”, ressalta. A associação mantém suas atividades com doações espontâneas, aplicadas integralmente em benefício do hospital.
Mais do que paredes de concreto, o que define o HBDF é a vida que pulsa dentro dele. “O hospital acolhe quem chega com a dor latente e a esperança de sair dali restaurado, com o sofrimento aliviado ou, no mínimo, com o diagnóstico e o cuidado necessários para prosseguir em sua jornada de cura”, conclui Fernanda Hak.
Amanhã, na série sobre os 65 anos do Hospital de Base, contaremos a história de Ermelino Matinada, mais conhecido como Mestre Bimba, colaborador do Hospital de Base há mais de 50 anos e que se dedica ao seu ofício de movido por um ideal maior.