Setor de turismo já registra cancelamentos após anúncio do “pedágio” na Ilha Grande

A aprovação da nova taxa de entrada para visitantes da Ilha Grande, em Angra dos Reis, já provoca impactos negativos imediatos no turismo local. Empresários, donos de pousadas e operadores de transporte marítimo afirmam que começaram a receber cancelamentos de reservas logo após a divulgação da medida, apelidada pelo próprio trade turístico de “pedágio da Ilha Grande”.

Instituída pela Prefeitura de Angra dos Reis, a cobrança tem sido amplamente criticada por quem vive do turismo na Ilha. O setor avalia a taxa como injusta, desproporcional e implementada sem diálogo com os principais afetados. Em uma região onde a economia depende quase exclusivamente da atividade turística, a decisão é vista como um risco direto à manutenção de empregos, renda e à sobrevivência de pequenos negócios.

Segundo empresários locais, turistas têm demonstrado surpresa e insatisfação ao se depararem com o novo custo para acessar a Ilha Grande. Muitos visitantes, ao refazerem as contas da viagem, optaram por cancelar hospedagens e passeios, cenário que preocupa ainda mais por ocorrer em período de alta temporada, quando a expectativa é de aumento no fluxo de visitantes.

A Associação dos Meios de Hospedagem da Ilha Grande (AMHIG) reforça que a própria Prefeitura de Angra dos Reis havia encomendado um estudo técnico que indicava a viabilidade de uma taxa simbólica de R$ 2,70, com destinação específica para um fundo de preservação ambiental da Ilha Grande. No entanto, a lei aprovada estabeleceu valores superiores e determinou que os recursos sejam direcionados ao caixa geral do município, sem garantias de retorno direto para a Ilha.

Para o trade turístico, a medida revela uma lógica arrecadatória que ignora a realidade local e penaliza justamente quem sustenta a economia do município. A ausência de transparência sobre a aplicação dos recursos e a falta de um plano claro de ordenamento turístico aprofundam a sensação de insegurança entre empresários e trabalhadores.

Em nota, a AMHIG foi contundente ao criticar a decisão:

“Ordenamento se faz com gestão, não com taxação. A AMHIG é contra e vai continuar lutando contra essa vergonha e a favor de um turismo realmente sustentável na Ilha Grande.”

A polêmica em torno da nova taxa cresce à medida que os impactos começam a ser sentidos na prática. Empresários alertam que a redução no número de visitantes pode gerar um efeito em cadeia, atingindo desde pousadas e restaurantes até barqueiros, guias turísticos e comerciantes locais.