Opinião: A mulher racista, eu, você e as celebridades
Opinião: A mulher racista, eu, você e as celebridades
Por Clarice Gulyas
Jornalista e pós-graduada em Gestão em Comunicação Organizacional
Jornalista e pós-graduada em Gestão em Comunicação Organizacional
Na última semana, uma mulher do Rio Grande do Sul movimentou a internet e acabou virando notícia por publicar mensagens racistas após, supostamente, quase ser atropelada por um casal de negros na rua. Os religiosos, sobretudo, foram os primeiros a comprarem a briga e rebater do mesmo nível as ignorantes palavras da “coitada”. O que os internautas ainda não conseguiram enxergar é que seres como este são criações da sociedade, de um Brasil onde se coloca crianças para cantar e dançar funk ao lado (ou em cima) de gostosas, que apoiam bancadas religiosas em um governo que deveria ser laico, entre tantos outros exemplos que incentivam uma cultura e educação racista, machista, homofótica, etc.
Esses “herois” e valentões da internet, xingando pelas mídias sociais, além de extravasar a raiva momentânea, o que querem? A falta de cidadania e consciência política também é visível desse outro lado, por pessoas hipócritas que fazem barulho demais para pouca ação. Não, não estou defendendo a mulher e tão pouco sou racista, a Constituição está aí para julgá-la por nós. Mas o que quero levantar é que ao não exercermos nossos direitos e deveres diariamente, estamos contribuindo para esses tipos de coisas. Primeiro, as mídias sociais são portais de declaração. É preciso cautela ao usá-las. Segundo, essas plataformas são apenas o ponto do iceberg de um mundo jovem dominado pelo bullying. Terceiro, e nossos exemplos?
Esses dias um taxista estava acabando com um político da cidade dele, mas estava dirigindo sem cinto de segurança. Alguns me perguntaram o que isso tem a ver. Ao não darmos bom dia ao porteiro ou gari do prédio, não agradecermos por aquela compra no mercado ou não ligarmos a seta nas ultrapassagens no trânsito, estamos contribuindo negativamente para a sociedade, principalmente, com as novas gerações. A cantora Riahnna, no VMA 2013, jogou pipoca embaixo da cadeira da frente e pediu segredo para a amiga (foi mega engraçado, eu sei), mas pelos menos tivemos Madonna e Angelina Jolie adotando crianças, e a Lady Gaga se abaixando para pegar a bolsa de uma fã no chão e tirando foto com um morador de rua, em Nova Iorque. O que está errado não é a má conduta das pessoas, mas nossa colaboração diária para isto, nas mínimas atitudes. Antes de sair xingando, que tal contextualizar os fatos, entender mais, amar mais o próximo? Afinal, quando partirmos desta para melhor só nos resta sairmos bem falados!
Comentários de jovem do RS sobre negros causam revolta no Twitterhttp://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/08/comentarios-de-estudante-do-rs-contra-negros-revoltam-redes-sociais.html
Riahnna e sua pipoca polêmicahttp://www.youtube.com/watch?v=Rbzllzz1tzY
MC Pet e sua mulherada
http://www.youtube.com/watch?v=PAxMBC6rxL0
Lady Gaga deixa palco do VMA após público vaiar grupo One Directionhttp://www.youtube.com/watch?v=KR4XFKVHDjc
Madonna adota menino africanohttp://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,AA1298816-7084,00-MADONNA+ADOTA+MENINO+AFRICANO.html
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